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sábado, 29 de maio de 2010

anacoreta e asceta

…com 16 anos fui apresentado a muitas palavras que me desconheciam por completo – oiçamos uma – “Anacoreta” – imaginem o que uma palavra destas pode dizer a um jovem de 16 anos. A cada um “Anacoreta” falará de uma maneira diferente estou certo. Ao jovem que eu era ela nada disse – o que me intrigou. Senti nessa idade o que ainda sinto quando me deparo com uma palavra que desconheço. Desconforto. Só me passa quando finalmente fico a conhecê-la. Com as palavras é fácil: recorre-se ao dicionário, ao melhor possível e ele no-las apresenta. Com as mulheres já não é assim – cruzam-se connosco quase como pelo mesmo acaso com que nos deparamos com palavras nas páginas dos livros – e à primeira leitura acontece o mesmo: fitamos os olhos nelas, lemos-las dos pés à cabeça, sílaba a sílaba e de imediato a vontade de as conhecermos é já a agonia.
Agonia atroz quanto mais sentimos que assim como para o Xadrez a vida é demasiado curta, também o é tanto para as mulheres quanto para as palavras. Mas, e por sê-lo? Serão as palavras e as mulheres as culpadas? Ele … disse a verdade: A vida é demasiado curta para o Xadrez, mas o Xadrez não é o culpado, é a vida!
… agonia esta que se por uma lado passa com o passar do tempo, o mesmo a trás de volta pela mão de outras novas mulheres desconhecidas….
… mas sejamos estóicos para com o sofrimento futuro e incontornável, não diferirá do de hoje, passageiro – estamos assegurados pela certeza palpável quase visível da transitoriedade.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

o adultério mal tratado

Prefiro mulheres belas às verdades absolutas…
mas que dizer das mulheres que preferem as verdades aos homens…!?
Juraram,  que o amor verdadeiro é o monogâmico e que na poligamia não havia virtude.
Hilariante!...
Exorto-vos irmãos e irmãs: desacreditai dessas velhas verdades desgastadas...
arrastam-se pelo mundo sob o peso da falsa moralidade..
Professais o sofrimento suicida de muitas Bovarys e Annas Kareninas!!!
Para novos amores novas formas de amar!!!
Quem ensina o caminho aos homens é o que vai à frente... Já muitos tombaram por ir à frente do seu tempo... Com o sangue da vida cerceada se tingiu de vermelho o estandarte dos mártires.
A divisa inspirada em Friedrich von Schiller «Povos da terra beijai-vos!!» voltou a ser proclamada, -
A mensagem chega-nos fresca de muitas fontes límpidas...
"Quem pensa o mais profundo, ama o mais vivo." Johann Christian Friedrich lderlin
Os filmes românticos são agora
- We Don´t Live Here Anymore
- The Bad Lieutenant port of call New Orleans
(não subjugado à boa imagem daquele que diz o que não choca)
conjuro-vos irmãos - rogo-vos - não sejais infiéis ao adultério!

domingo, 16 de maio de 2010

o amor puro

o modo como sentimos é individual - ninguém sente o mesmo da mesma maneira - por maiores ecos, ressonâncias e empatias do modo como sentimos - desacredito de quem me diz o que é o amor puro - Dos meus amores, dos que sinto, eu sei - que doem. Dos amores dos outros não penetro...
Acredito que em todo o lado pode surgir o ímpeto do amor - que não tem que ser necessariamente no local de trabalho entre colegas - mas a ser que seja - nem forçosamente em discotecas, festas de casamento, jantares de fim de ano. A meu ver ele pode surgir-nos na rua, no Metro, num Centro Comercial, num velório, num comboio, o Inspector pela Ilegal, a advogada pelo cliente, a leitora pelo escritor...
Agora que a maioria dos relacionamentos veda o acesso a novos amores é uma grande verdade!, - e assim se entende, por esse facto castrador, a razão dos apologistas das relações abertas... Considero o amor - o acto de alguém querer tocar no corpo de alguém um êxtase "doentio" um fenómeno que raia o sagrado!
Disse-me uma criança que o amor é como a gripe, apanha-se da rua e cura-se na CAMA!
Qual o amor que gostavas que te acontecesse?
Gostava que depois de nos olharmos pela primeira vez, déssemos a mão... para depois caminharmos... juntos... para nos beijarmos pouco depois...
Amamos mesmo é a paixão!
o Amor com posse, é chato!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

o tempo passa mas as cartas ficam...

uma pequena preciosidade...

Alexandre, se o conhecesse verdadeiramente, talvez não tivesse qualquer necessidade de lhe escrever. Mas, como isso não acontece, são outras, de certo, as razões por que, ao contrário do escritor José Vilhena, lhe tenho dado a desagradável impressão de que não aprecio suficientemente os textos que o José Alexandre tem feito chegar às minhas mãos. Também o José Alexandre, imagino eu, de mim apenas conhece uma certa exterioridade. Ainda assim, conhecerá o bastante para saber quanto me é difícil e penoso alimentar uma conversa de circunstância, para o que me sinto sempre totalmente desajeitado, e mais difícil e penoso, para mim, é ainda, com a inevitável e meditada lentidão da escrita, simular a comunicação na ausência de um interlocutor. Nada explica, portanto, que não tenha respondido às suas missivas, a não ser a falta de assunto ou do estímulo que somente uma conversa autêntica poderia propiciar. E se, agora, por uma vez, acabo de o fazer, foi porque temi que as minhas repetidas omissões o levassem a pensar ou sentir que o que estaria em causa seriam as suas características, e não as minhas. Esclarecido este ponto, quero que saiba que continuarei a ler, com prazer, tudo o que queira enviar-me. Todavia não espere que eu venha a escrever-lhe com qualquer regularidade, pois isso depende da minha incapacidade para o fazer, e não da estima que tenho por si e pelos seus esforços criadores. Com amizade...,