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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

é imperativo ler Thomas Paine!

"Nunca existiu, nunca existirá e nunca poderá existir um Parlamento, ou uma classe ou geração de homens, em qualquer país, com a posse do direito ou o poder de obrigar e controlar a posteridade até ‘o fim dos tempos’ ou de impor para sempre como o mundo será governado, ou quem o governará... A vaidade e a presunção de governar além sepultura é a mais ridícula e insolente de todas as tiranias. O homem não tem nenhuma propriedade sobre o homem... Estou lutando pelo direito dos vivos e contra o fato de serem alienados, controlados e constrangidos pela pretensa autoridade dos mortos que ficou escrita. (...) embora leis feitas numa geração muitas vezes continuem em vigor nas gerações seguintes, elas continuam a tirar sua força do consentimento dos vivos. Uma lei não revogada continua em vigor não porque ela não possa ser revogada, mas porque ela não foi revogada; e a não revogação passa pelo consentimento... Como o governo é para os vivos, e não para os mortos, apenas os vivos têm algum direito sobre ele. O que pode ser pensado certo e achado conveniente numa época poder ser pensado errado e achado inconveniente em outra. Em tais casos, quem decide: os vivos ou os mortos?"
Thomas Paine


"(...)Ninguém foi mais longe do que Paine, na defesa e no direito dos vivos romperem com o dos mortos, consagrando, pois, o direito à revolução (permanente). Da lógica das ideias e da argumentação de Paine, decorre, portanto, que todo sistema, ou regime, político-social é legítimo, desde que desejado pela maioria, e transitório ou reversível, desde que essa mesma ou uma nova maioria dele se queira desfazer. 
Assim, hoje - com o abismo crescente entre ricos e pobres (intra e entre países, e o aumento cada vez maior dos últimos), e com o colapso do socialismo real e com a crise do Estado de Bem-Estar (e da social-democracia, atacados pelo neoliberalismo) -, parece não haver proposta tão revolucionária e, portanto, tão atual, quanto à de Paine. Em outras palavras, com os projetos socialistas bloqueados, que outro projeto, dentro da ordem capitalista, é mais revolucionário do que o de Paine? Pois,  Paine, foi simultaneamente um social-democrata e um neoliberal avant la lettre. Como o  nosso tempo, ele queria simultaneamente mais democracia (isto é, mais igualdade, mais  social-democracia) e mais liberalismo - isto é, mais autonomia, e portanto, e paradoxalmente, menos Estado. 
Mas, sobretudo, reler Paine, ajuda-nos a manter a indignação e o espírito de luta para não aceitar, como natural, o mar de miséria que nos cerca de todos os lados. Hoje, certamente, se Paine ressuscitasse, ele que era revolucionário e democrata por instinto, mudaria sua divisa para “onde há miséria, aí está o meu país”. (...)"
Prof. Dr. Modesto Florenzano

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

da razão principal de lermos pouco e não lermos mais

 ....sobre a razão de não lermos mais recuso acreditar nas mais ordinárias respostas: pela escassez do tempo, por não gostarmos de ler! por conhecermos poucos livros - recuso-me!
... sem desprezar essas respostas ordinárias desejarei falar-vos doutra e da qual todas as outras descendem.
Se vos dessem para ler uma frase, um parágrafo em língua estrangeira desconhecida, será que face à dificuldade, à impossibilidade, para fingirdes saber, me direis não teres tempo, não gostares de ler?? Se o dissésseis todos notariam a mentira, e vos diriam, ah não é por isso! é por não saberem ler essa língua!. escusais de fingir saber! Desconhecer uma língua estrangeira não é vergonha!
- mas se o parágrafo, o texto, o livro, for na língua materna? Preferireis  dizer, para justificar a resistência, não gostardes de ler, pois confessardes a verdade em relação ao desconhecimento da vossa própria língua é embaraçador, quase vergonhoso....

 E quanto a leitura de palavras difíceis?, uma palavra nova sobre a qual desconheciam tudo, não desejasteis saber o seu significado para continuares a seguir o entendimento? Aquando sozinhos a ler, sem ninguém por perto a quem perguntar, consigais lembrar-vos de quantas foram as vezes que consultasteis o dicionário?
A leitura gosta de silêncio e paz; em virtude de assim ser,  foi sozinho, com o dicionário, o meu começo no universo dos livros. Felizmente, nasci com uma singular predisposição inata para o dicionário; inclusive valorizava a sua proximidade - mas há quem com essa predisposição não nasça e por isso desista da leitura face à estranheza das palavras desconhecidas... A um texto pequeno com 5 palavras desconhecidas segue-se um outro com 50 e assim depressa o eventual gozo da leitura se torna um desprazer desencorajador... deste desprazer não entender descende o não ler, a desculpa da falta de tempo, o desconhecimento do conteúdo dos livros...
Assim, se na verdade desejais que o povo leia mais, urge ensinar-lhe vocabulário!, ensinai-lhe o largo significado das palavras!, desde a idade infantil e durante semanas, meses, anos e décadas...As aulas do ensino da filologia deveriam começar em idade juvenil...
 em resumo, quem pode gostar de ler/entender palavras "sem significado", por ensinar?... Ninguém pode! E não por gostar ou não gostar; ninguém pode principalmente pela impossibilidade!
Houvesse mais quem ensinasse palavras e a humanidade só ganharia!, quantos desentendimentos ,quantos mal-entendidos não se evitariam!!

 outra razão de lermos pouco é a de preferirmos estar acompanhados que sozinhos.
Se as pessoas tivessem hábitos de se juntarem para ler e ouvir ler decerto os livros haveriam de nos dar muito mais...

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

a palavra portuguesa oriunda da China...

    Se ouvirem a palavra chinesa para chá ouvirão algo assim tchá, uma sonoridade quase similar – poderia isto ser prova da grande viajem de ida e volta realizada pelos portugueses à China? – decerto! Aqui mesmo ao lado no país fronteiriço, a mesma palavra “chá” em nada se assemelha à nossa. Em França igual, em Inglaterra igual; o local de origem da palavra destes países para chá não foi certamente a China… 
     Mas foi na China que um conhecido meu sentindo-se doente, me contou, ter recorrido a um médico, o qual na primeira consulta, sem qualquer troca de palavras, lhe tomou o pulso, a pulsação, e de seguida lhe perguntou: Você não tem costume de beber chá quente, pois não? Contava-me isto animado, atribuindo a este episódio uma grande significação que era, a da medicina tradicional chinesa ser conhecedora dos efeitos benéficos do chá!
…  foi também por essa altura, de regresso a casa, de noite, sentindo-me em estado pré-febril, sobre o qual em criança o meu pai dizia quando notava a minha anormal quietude, “está a chocá-la!”, que recordei o episódio do médico chinês a tomar o pulso ao meu novo amigo; sem fé alguma, achei por bem fazer uma chávena de chá – abri o armário e retirei da caixa uma saqueta de chá preto de Ceylan;  depois, com água da chuva, chovida há 500 anos, por haver ficado retida em lençóis freáticos, fervida, adocei-o com mel de abelha, -  desculpem-me a redundância –  é necessária para evitar, num eventual futuro, ser confundido pelas novas gerações com outro qualquer mel que se possa fazer e inventar, diferente do feito pelas abelhas; deitei-me pouco depois sentindo a má-disposição aumentar pelo efeito da febre…
… na manhã do outro dia levantei-me e fiz o que ordinariamente fazia sem qualquer dificuldade, julgo que só à tarde, depois do almoço me recordei que me havia deitado febril… conclui em segundos: o efeito do dito chá havia sido milagroso!...