Translate

sábado, 26 de setembro de 2009

Um caso real de desejo.

Ele e ela.
...eram quase vizinhos - viviam em casas quase próximas... A consequência desta relativa proximidade e os horários de trabalho semelhantes levava-os a verem-se diariamente quando acontecia deslocarem-se a pé pelas mesmas ruas em direcção ao Metro, na ida para o trabalho e no regresso a casa. Uma vezes caminhavam dir-se-ia lado a lado, outras, um no encalço do outro e a consequência destes coincidentes trajectos tornaram-se: para ele, o êxtase visual por excelência, justificado pelos encantos visíveis dela estarem mais descobertos que insinuados pela roupa justa; o prazer de saber onde ela tomava o café da manhã, e de reconhecer-lhe o sonoro tok tok dos seus saltos altos; e, por ultimo, a dor dolorosa de um desejo transbordante de vontade da conhecer
 - a imagem dela entranhara-se e andava com ele para onde quer que fosse! Lembrava-se dela nos locais mais inusitados, desde casas de banho de maternidades a salas de crematórios... Chegou mesmo por causa da paixoneta a mudar os hábitos; ao ter constatado que ela vestia muito roupas castanhas começou a preferir vestir roupas com os mesmos tons.. Mas nada resultava, ela nem para ele parecia olhar; desprezava-o quanto mais lhe desvendava o desejo nos olhares.... Quando ele se aproximava meio encoberto pela multidão, ela assim que o notava, afastava-se. Apercebia-se ele disso mas em vez de ficar triste pesaroso e cabisbaixo, animava-se, proferindo a frase, que para ele era um divisa motivadora: Se o desejo é o Inferno que me leve o demónio!Já ela por ser uma mulher muito assediada aprendera cedo a reconhecer os homens a evitar, bem como a rotular a maioria, pela insistência dos olhares, de tarados. Adquirira muita prática nesses apressados juízos de valor e não supunha que pudesse uma ou outra vez enganar-se. Avaliava todos pela bitola mais baixa e para evitar aproximações evitava ao máximo deixar-se apanhar a olhar para um homem. Quem a conhecesse diria dela: uma mulher cheia de curvas, muito recta. Na verdade não dava confiança aos homens, nem aos tímidos nem aos ousados... passaria despercebida não fosse a acção das curvas de fogo... e o seu vizinho não era excepção... esta brasa de mulher inspirava nele desejos iguais aos da maioria, mas porque a via mais que os restantes experimentava por ela um misto de adoração e de repulsa, sentimentos estes aparentemente antagónicos - quanto mais ele se mostrava interessado mais ela o ignorava e desprezava…

Um dia acordou com tosse seca. A desgraça chegara, ia de mal a pior. Andara anos triste por se achar pobre e agora que pensava que ia ser promovido, auferir um pouco mais, continuar a pagar o empréstimo da compra da casa, comprar um novo carro, acreditar finalmente na conquista da mulher dos seus sonhos, fora chamado ao gabinete do chefe.
- Entre. Chegue aqui. Aqui! Olhe para ali para o quadro, está ver esses pioneses espetados no mapa da empresa? Retire o do meio, está a mais, já não nos faz falta…
- Que quer dizer chefe?
- Não percebeu, esse que tem na mão é você!, Está despedido!
- Estou despedido? (com o pionés na mão? olhando para o chefe e depois para o pionés)
- Sim homem! Está despedido! Mas não se sinta excluído! Os seus colegas irão a seguir!, vai devagarinho! um a um! Está a ver? Não queremos despedir em massa! Mas tem que ser! Comprámos umas máquinas! Na linha de montagem, uma, só uma faz o trabalho de 10! E ehehehe e não engravida!!! Esta teve graça!!! eu quase que morro com as minhas próprias piadas!! de tanto rir!...
Olhou para o chefe! Um louco a olhar para o outro louco e saiu como se anestesiado, por onde entrara sem bater com a porta.
Já cá fora, a sós, voltou a olhar para o pionés e viu o quanto era insignificante.
- Anos e anos e não passei disto! - dizia.
Lamentava-se: Adeus emprego!, casa!, carro!, mulher!

Nesse dia poderia ter recomeçado a beber! e ou a fumar, mas não, o apelo dum instinto mais forte levou-o a desfolhar as páginas dum jornal diário. Lera “Casa de massagens. 7 Meninas. Damos-lhe duas e paga uma! 961234512"; pegou no telemóvel!
- Sim o senhor está onde?... Está perto! Sim pode vir por essa rua, quem sobe! É no número 467, 4º Drt. Quando chegar toque à campainha. Tem elevador…
À porta do edifício o homem desempregado sentiu a diferença, habituado aos prédios antigos do Intendente, às escadas íngremes de madeira. Lembrou-se com saudade do tempo em que as jovens nigerianas do Intendente o costumavam assediar. Uma delas - lembrou-se – inclusive, chamou-o da varanda para descaradamente lhe mostrar o que tinha para lhe oferecer, levantando a mini-saia… Alegrou-se de ter recordado esse episódio... Ainda hoje se perguntava porque é que não aceitara o convite... foi lá dias depois, mas ela - disseram-lhe - tinha ido para Espanha...
Carregou no botão do elevador e apreciou a suavidade da ascensão, sentia-se subir para o céu…
TRIMMMM
TRIMMMMMM!!!!
Uma senhora corpulenta na ternura dos quarenta veio abrir-lhe a porta, pareceu-lhe ser a patroa. Vestia um roupão vermelho, apertado à cintura por um cinto da mesma cor.
- Vim por causa do anúncio
- E fez muito bem em vir… Faz favor de entrar… Esteja à vontade... Pode sentar-se no sofá… Quer beber alguma coisa?...
- Não vim propriamente beber… - disse num tom de voz sorridente…
- Eu sei eu sei, veio ver as meninas. Vejo que vem bem humorado… Certamente, a vida corre-lhe bem… Olhe está com sorte, estão cá as meninas todas e nenhuma está ocupada… Até me admirei de hoje não me pedirem uma folga… São excelentes profissionais, gostam do que fazem…
- É bom! é bom! E os preços…
- 40 euros tudo, uma hora no quarto.
- Óptimo!
- Quer ver as meninas uma de cada vez ou prefere que venham todas juntas?
- Todas juntas!
- Então espere aqui um bocadinho, vou buscá-las …
Durante a espera o nosso homem sentado no sofá, questionava-se «Serão novas? Serão todas boas? Quanto é que me importará um show lésbico?»
Súbito vê entrar na sala a patroa.
- Elas já vão desfilar, espero que lhe agradem… Entrem meninas, entrem!
O homem recostou-se para trás e endireitou as costas…
Uma a uma viu-as entrarem na sala muito bem vestidas. A de fato era a executiva, fazia-se passar por advogada… A que vinha de branco era a enfermeira… uma terceira vinha vestida com uma farda da P.S.P…. outra de coelhinha da Playboy… e súbito o homem teve como que um desfalecimento, turvou-se-lhe a vista… sem querer acreditar viu, entre as cinco, a vizinha – não podia ser verdade, mas era - estava vestida de freira… e não havia dúvidas, ela também o reconheceu…
O nosso homem podia ter-se acabrunhado, mas não se acabrunhou. Apontou para a vizinha e disse alto para a madre superior:
- QUERO AQUELA!
A vizinha ainda esboçou um olhar de clemência, ou melhor de dispensa, para a madre superior! que sempre sentia prazer em obrigá-las a trabalhar... De nada lhe valeu. A patroa dirigiu-se a ela, agarrou-a pela mão e levou-a a ele…
- Aqui a tem! … Durante uma hora é sua. Olhe que o tempo passa depressa! Desfrute-a! Em caso de algum descontentamento tem direito a escrever no livro amarelo – depois segredou-lhe ao ouvido «Não vai escolher outra?! olhe que tem direito a duas! paga o mesmo!»
- Não. Esta chega-me!
- Escolheu bem! Essa é uma.... profissional!»

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sermão retirado do filme DOUBT

Uma mulher espalhou boatos sobre um homem que mal conhecia.Sei que nenhum de vós jamais fez tal coisa...E nessa noite teve um sonho. Uma enorme mão surgiu e um dedo apontou para ela. E imediatamente sentiu-se dominada por uma sensação de culpa. No dia seguinte foi confessar-se. Calhou-lhe o velho prior, o Padre O'Rourke. Ela contou-lhe tudo e no fim perguntou-lhe"Dizer bisbilhotices é pecado?"Aquela mão apontando para mim era a de Deus Todo-Poderoso?"Devo pedir a absolvição?"Diga-me, fiz alguma coisa mal feita?"
"Fez sim - respondeu-lhe o Padre O'Rourke."Fez, sua criatura ignorante e criada a ter mau fundo. "Proferiu falsos testemunhos contra o seu semelhante. "Arruinou sem qualquer motivo a boa reputação dele e deve sentir-se muitíssimo envergonhada."
A mulher disse estar arrependida e pediu o perdão do padre.
"Mais calma aí - disse O'Rourke; "vá para casa, pegue numaalmofada e leve-a ao telhado. "E espete-lhe uma faca e depois volte cá."
A mulher foi para casa, tirou uma almofada da cama, uma faca da gaveta,subiu ao telhado pela escada de incêndio e esfaqueou a almofada.
E depois voltou à igreja, como o padre tinha mandado.
"Abriu a almofada à facada?" - perguntou-lhe ele.
"Abri, Sr. Padre."
"E com que resultado?"
"Penas" - disse ela.
"Penas?" - repetiu ele.
"Penas por todo o lado."
"Pois agora quero que volte e que recolha todas as penas que o vento levou."
"Isso é impossível de fazer"- disse ela, - sei lá onde estão as penas. O vento espalhou-as todas."
"Pois é esse o resultado - disse o Padre O'Rourke - DA BISBILHOTICE!!!"

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

a cópula só lhe trouxe problemas...

…sobre a inutilidade da cópula nunca li nada, pelo que, concluo, ser meu dever abordar o assunto – não só por o considerar de utilidade pública como também, perdoem-me a modéstia, ter grandes conhecimentos sobre o tema. Preparo inclusive sobre esta recente teoria uma tese de doutoramento, para futura publicação nas revistas da especialidade. Sem dúvida, é ousado nos dias de sexo que correm dizer-se da inutilidade de uma coisa tão boa, para a qual não há mesmo palavras. É melhor que vinho, é melhor que mel, porém, ouso afirmar, inútil. E, é isso, exactamente isso que eu quero provar-lhes. Assim, para o efeito, recorrerei a uma história verídica que guardei na memória por lhe achar graça. Trouxe-a meu pai para casa - julgo que a cortou com uma tesoura de um jornal diário, por tanta graça lhe achar…
- Lembro-me de ler no artigo algo cujo teor não se afastava muito do que passarei a escrever…
de algures para um Hospital de uma cidade Romena uma mulher jovem foi levada de ambulância; pouco trabalho deu aos médicos, que em pouco tempo, logradas as tentativas de a fazerem voltar à vida, sem sinais vitais que se declarassem, foi por consenso decretada morta; lençol branco e morgue. Acontece muito nos Hospitais… Vai na maca a infeliz cadáver e quem a leva para a morgue é um jovem enfermeiro. A morgue é, costuma ser, uma ampla sala onde existem cadáveres, mas nesse dia, não havia lá nenhum. O enfermeiro ao constatar que estava só com a jovem, animou-se por ver que não havia quem o pudesse impedir de tornar o ambiente romântico... Não se deve deixar um homem a sós com uma mulher… - e eu acrescento – nem mesmo morta. E, contava, vendo ele que não havia quem os pudesse importunar, tira-lhe o lençol e vê-a nua. «Que linda!» exclamou o enfermeiro. Aproxima-se mais, toca-lhe e ao senti-la gelada dá um passo atrás; foi como se ela lhe dissesse «Chega-te para lá, não me toques!…» mas isso ele não ouviu nem poderia ouvir mesmo, tão dominado estava pela beleza mortal da mulher… não por ela ser apenas jovem e bela, mas principalmente por ter tudo no sítio e muito mais, fartos seios, ancas largas cintura fina, (reparai nas medidas 89 50 92) digo-vos, uma autêntica Vénus cadáver… vendo-se só e vendo que ela não lhe oferecia resistência… ocorreu-lhe pensar se não poderia o espírito dela sentir igual vontade…
  ...despiu-se pois o homem com relativa pressa, e logo fez o que todo o homem faria a uma Vénus! investiu nela que nem um garanhão no cio - ou por outras palavras entregou-se de corpo e alma ao trabalho! Tão bem o fez que o calor dele misturado ao suor passou para a morta! - tanto que para seu grande espanto e maior o susto conseguiu fazê-la espevitar... o primeiro sinal da ressuscitação veio dos seus olhos fechados... perto muito perto do término da cópula «ela abriu-os!» e...
...  um grito de terror ecoou por todo o Hospital…
...