Pretenderei falar da infidelidade imatura e ou casual, que normalmente culmina num arrependimento humilhante, e que é potenciadora de dores perturbadoras da vigília e do sono, e da oposta: a racional, não imatura, que jamais causará quer ao “infiel” qualquer sombra de arrependimento. A diferença entre elas é abismal uma vez que enquanto uma nasce da dor que engendra e cria, a outra extingue-se na dor que não causa. Quero dizer: a própria traição imatura ganha corpo através da confissão, (o próprio crê que traiu e acha-se no direito da verbalizar) Com isso, pela palavra, a infidelidade renasce ligada à dor!, já a outra, a racional, guardada pelo silêncio tenderá a extinguir-se, se é que o infiel a concebe como tal!
…estes dois modos de ver a traição divide os homens em duas facções distintas, a que pesa a nova paixão na balança moral e que a valoriza, dando-lhe grande importância, considerando-a por vezes até marginal, e a outra, oposta, que a vê para além de bem e mal, que não a pesa, que não a valoriza, que tão pouco a concebe!
O marido não liberal julga legítimo privar a mulher da liberdade, mas se pudesse, pergunto, renunciaria porventura a provar sigilosamente o sabor da mulher do vizinho... ???
Mas imaginemos duas pessoas que se gostam, casados mas não entre si. Os “prevaricadores” apesar de se aproximarem, de se tocarem, de se tornarem íntimos, podem não estarem em perfeita simbiose, porque se um deles valorizar a traição, quer dizer atribuindo-lhe um significado imoral, tenderá a ver o amor entre eles como marginal. Já o outro, desvalorizando a traição, atribuindo-lhe um significado racional, considerará o novo amor sim, mas uma bênção divina. E como todos os actos racionais que não levam ao arrependimento regra geral se repetem, a pessoa racional, tenderá a requerer a plenitude da intimidade. Porém vai querer consumá-la com a pessoa errada uma vez que a outra, por ainda pesar a traição com um valor imoral, para se desculpar, lhe dirá que foi casual, e para melhor acreditar nessa mentira, vai querer dar um fim à relação, fim este, que é sentido pelo outro como um autêntico acto de crueldade. A mulher que considere a infidelidade como imoral, achará até aceitável dizer ao amante: desculpa mas agora já não fodes mais comigo!
Mas qual deles será verdadeiramente monogâmico ou poligâmico, quando ambos desejam deixar de ser o que têm sido! O poligâmico queria estar apaixonado por um única mulher e não sofrer mais por desejar mulheres que nunca terá, já a monogâmica – cansada – desiludida com a relação - queria estar novamente perdida de amores...
Nobre Difamador,
ResponderEliminarQue texto corajoso!!!
É incoerente pensar q a “infidelidade” cause dor em certas circunstâncias... especialmente qdo ela sequer existe. A consciência só perturba qdo nos traímos... Como haverá infidelidade sem um compromisso? ... não falo de matrimônio ou coisa parecida... É loucura sentir-se culpado ou que exigências sejam feitas... qdo d fato não há enlace e os momentos são meros encontros d entrega passionais sim, mas com a finalidades ilusória, geralmente, superficiais, mas talvez necessárias.
Na ânsia d vivermos situações intensas, confundimos os sentidos, sensações e sentimentos... sendo os últimos os mais nobres nessa pirâmide cruel q é a vida... Carências, nostalgia, desejos, libido, valores, expectativas tudo isso é levado em consideração pela mente quando encontramos enfim alguém para dividir momentos, idéias, toda a vida ou apenas o leito por algumas horas... assim, não entendo “a dor de corno” como cultural, há tantos mundos e compreensões quantos forem os seres-humanos. Evidentemente o contexto social e cultural influenciam, mas nem sempre e nem d forma total...
Também nunca entendi a razão de verbalizar uma traição, sempre vi isso como uma segunda traição e um desejo inconsciente de culpar a pessoa magoada... como se estivéssemos a responsabilizando pela atitude d busca d uma alternativa ao “desamparo”...a vida é cruel, mas tb é simples, nós é q complicamos td... pq??? Pq estamos sempre insatisfeitos e correndo contra o tempo inutilmente ou nos escondendo sob máscaras ou abrigos frágeis q não nos protegem d nós mesmos...
È difícil viver qdo não aceitamos o fato d q as pessoas não são como gostaríamos q fossem... mas é adulto entender q a humanidade não está ao nosso dispor...
Diplomacia e acordos servem para selar a paz, tb poderiam ser usados para amenizar os desgastes nas relações. Basta entrar num acordo, ser mto claro com relação ao tipo d envolvimento, impor os limites e ... enfim aproveitar!!! O problema é q nós mesmos nos traímos... quase sempre... pq sempre queremos mais!!! Mas para se ter algo é preciso merecer... fazer valer a pena... o q vem fácil... nem preciso completar a frase... o amor é uma bênção, mas mesmo nascendo d uma mentira, jamais cresce forte sob esse terreno...
“O poligâmico queria estar apaixonado por um única mulher e não sofrer mais por desejar mulheres que nunca terá, já a monogâmica – cansada – desiludida com a relação - queria estar novamente perdida de amores...”
Não há receitas para ser feliz, mas qto mais o tempo passa, mais vejo q sempre queremos o q não temos e é essa insatisfação, esse desejo latente q tem feito o mundo girar... é involuntário, ao alcançarmos algo mto desejado, logo vms querer mais... o novo... o descohecido... queremos sentir o medo, a tensão d correr riscos...
As convenções sociais mudam conforme os regimes políticos, tendências etc... a única lei imutável é a do amor. A única infidelidade q realmente maltrata é a feita contra o amor (a si ou a alguém) o resto é transitório... mas a dor d ter se ferido... essa dificilmente passa, por isso a racionalidade não se perturba, pois calcula com precisão o q faz, talvez faça sem sentir ou sente muito bem e considera plausível e aconselhável!
Mas a equação feita pelo amor tem uma série d variáveis desnorteadoras (quizá imbecis) q silenciam os pensamentos lógicos e nos fazem agir d forma espontânea, ou seja, assim é mais fácil errar... por isso acho q o amor é um jogo pra adultos, é mto arriscado, quem tiver um coração frágil use mais o cérebro ou as conseqüências podem ser desastrosas... Bem, cada um sabe o q é melhor para si, então não levantemos bandeiras contra ou a favor, até p qtd é transitório até os desejos mais ardentes e mesmos as mais lúcidas convicções.
Deliberações de um Girassol...
"É incoerente pensar q a “infidelidade” cause dor em certas circunstâncias... especialmente qdo ela sequer existe."
ResponderEliminarsinto a falta de palavras nesta frase, talvez de um "não" ou de um "nem"...
BINGO!!!
ResponderEliminarFoi exatamente esse sentido d ausência q eu me referia... o sequer vem sozinho mesmo (não há infidelidade, nem dor e a ambiguidade foi espontânea, mas útil), para visualmente parecer faltar algo pq o sentido foi o d inexistência, falta... é um realce, uma ênfase ao q d fato não existe (o menos é mais)... vejo q é um bom analista Sr. Difamador!!! Vou tomar mais cuidado da próxima vez!
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Obs: Mto se revela qdo não é dito...
Obs2: Gosto d pensar o "sequer" como "nem mesmo", "nem ao menos". Bem, como desejei dar ausência, se tivesse colocado "nem" estaria negando duas vezes... e as minhas palavras me contradiriam... seria o avesso do avesso...
Ex.: Não gosto de nada! (mgnífica frase, já a usei na adolescência... mas o fato d não gostar do nada... me leva a gostar d td!!! É o q chamo d "nadificação" do tudo e "tudificação" do nada... como sinto falta das aulas d filosofia, eu tentando entender, enquanto o professor me enlouquecia... eis o resultado do seu empenho...) Gosto d ler as entrelinhas e escrever nas suas lacunas... só isso me interessa, o óbvio é mtoooooooo chato...
Obs3:Estranho vc ter notado isso! Pensei q passaria despercebido.
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Explicações de um Girassol...