Translate

quarta-feira, 22 de junho de 2011

- donkey - burro e cenouras

… o meu pai quando me viu com a mão no volante e a outra no travão de mão a conduzir com destreza repreendeu-me «agora conduzes à Fangio” eu nunca ouvira falar de Fangio; descobri–o depois no Google como um dos melhores pilotos de Formula 1, autor da frase "Fui apenas um corredor de automóveis. Não fiz nada para o bem da humanidade". Sem querer a sua censura congratulara-me com um elogio! percebi de imediato que a minha destreza ao volante o enervava e reduzi a velocidade…
Acontecia também reduzir a velocidade por outros motivos. Uma mulher esbelta a andar no passeio; foram e ainda são tantas que nem vale a pena perder-me a relembrá-las!, lembro-vos sim o motivo da ultima travagem, foi ter visto ameixas numa ameixoeira. A árvore estava num canto dum pequeno quintal de uma casa pequena e desabitada. Um pequeno muro branco separava-a da estrada de alcatrão – reparo com pena numa grande ramada que certamente quebrara com o peso do fruto, inúmeras ameixas verdes e amarelas que tocavam agora a relva não muito alta. Eu que na infância vira ameixoeiras do tamanho de carvalhos vergadas pelo peso dos frutos e em redor delas centenas de abelhas, que entravam literalmente dentro das ameixas, achei aquela árvore pequena e as ameixas igualmente pequenas. Colhi algumas tendo o cuidado de preferir as de cor doce em detrimento das verdes ainda amargas. Depois de desfrutar o prazer de ter encontrado uma árvore de fruto com ameixas maduras, dirigia-me para o carro quando reparei num burro a pastar. Estava numa área vedada com uma rede de arame fino; ele ao ver-me aproximou-se e eu dele. Ocorreu-me pensar que pudesse gostar de ameixas, e com cuidado dei-lhe uma, ele tirou-ma dos dedos prensando-a com os beiços do focinho - vi-o e ouviu-o a comer– com aquele som característico – de um burro a mascar favas – como ouvia a minha avó dizer a quem fizesse muito barulho com a boca – dei-lhe a seguir outra ameixa – entretanto vejo um carro, pára e de dentro dele sai um homem sexagenário de barba grisalha com um saco transparente na mão meio cheio. São cenouras. Cumprimenta-me o turista em inglês, noto-lhe a alegria, certamente por voltar a ver o seu amigo e lhe ir dar cenouras. Ensino-lhe que donkey se diz burro em português, e digo-lhe que gosta de mais de ameixas do que de cenouras. Olhamos um para o outro.
- It likes to eat Maria Cooks, não o entendo à primeira, ele repete Cook's Maria
- ah bolachas Maria!, eu também!!
(rimo-nos.)
Pergunto-lhe, depois da quarta cenoura, se é um he ou uma she. Ao que ele me responde - virando as palmas da mão uma para a outra separadas um metro – is a he, it´s a big boy . (…)

Sem comentários:

Enviar um comentário