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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

adivinhem qual é o meu penacho


 estava a andar e avistei um papagaio verde sobre um poleiro perto dum kioske – havia duas oliveiras e um palmeira ao redor e o papagaio pareceu-me atractivo – ainda dei dois passos na direcção que levava – os seguintes já foram na direcção do papagaio e estranho seria se assim não fosse - é que eu gosto de animais e tenho um fraquinho por aves! - já é de família!
Até nos pombos da cidade eu reparo!,
Surpreendeu-me esta semana ver três pombos agachados em três sítios inusitados, em locais diferentes contudo similares, refiro-me à altura. Um estava imóvel sobre a relva do Parque Eduardo VII, outro à sombra, atrás de um pilar dum prédio de habitação, e o terceiro igualmente agachado sobre o primeiro degrau no acesso à porta de uma casa na Av. Almirante Reis. Pensei «estes pombos pousados no chão ou estão a mudar de comportamentos ou estão doentes sem forças para voar para lugares mais altos, - são presas fáceis e estão vivos! é estranho não serem caçados pelos gatos vadios na cidade! ah não admira – os gatos castrados não se reproduzem!... »
 … mas chega, não quero falar-vos mais de pombos nem de gatos castrados – prefiro retomar ao episódio do papagaio, que foi o que me trouxe aqui!...
passos depois da minha mudança de direcção já eu tentava apresentar-me à ave de penas verdes!, não é tarefa fácil. Se tentarmos tocar-lhe corremos o risco de levar uma bicada… A plumagem, reparei, não a tinha muito cuidada, deveria ser um cinquentão! Mirava-me ora com um olho ora com o outro. A cabeça revirada para trás, alardeando alguns gritos assustadores. – Percebia-os – provinham do medo do meu tamanho e de lhe ser estranho! O instinto fizera-o gritar, e ele gritou durante um breve espaço de tempo. Depois deve ter pensado «não surte efeito, o homem não se afasta! está aqui mesmo ao lado!, devo estar-lhe a parecer um louco!» e calou-se. As penas no cimo da cabeça eriçadas baixaram e começou a olhar-me de outra maneira. Estava a estudar-me! Amigo ou inimigo? Quanto a isso eu não queria que ele tivesse dúvidas! Então peguei numa das sementes de girassol que estavam no chão do seu ninho metálico e tratei de lhe mostrar que lha queria dar no bico. O comportamento dele gerido por um instinto inteligente mudou de imediato, pensou «quer me dar comida boa, deve ser amigo!» todavia rejeitou a semente, nem tentou pegá-la com os dedos da pata! Já não era o mesmo papagaio de há pouco, baixou a guarda e depois a cabeça! Eu ainda receei que ao aproximar a mão me bicasse, mas incrível ele fechava os olhos inteiramente confiante…
mais importante, do que a comida que ele tinha como garantida, queria que eu lhe tocasse!, baixou a cabeça aproximando assim o pequeno penacho. Com a unha do dedo indicador como se fosse um bico dum seu semelhante fui tocando-lhe nas penas da cabeça…. pela imobilidade a expressão dos olhos semi-fechados – notei - estava deleitado… cheguei mesmo a tocar-lhe perto dos olhos e no bico… expondo o meu dedo ao golpe, qual domador a meter a cabeça dentro da boca do leão… a ponta do dedo ali ao perigo no meio do bico… que arrepios … nada fez… revirou um pouco a cabeça baixando-a mais… levei de novo o dedo ao cimo da sua cabeça e lento e suavemente massajei-lhe a pequena plumagem, começaram-se a passar minutos, e eu queria ir, ir à minha vida, mas o prazer do papagaio era tão visível tão palpável!!!
quem lhe faria festas? Só os estranhos!
por isso me demorei para ele e com ele, sim confesso, deu-me muito prazer dar-lhe festas! Entendi-o melhor que ninguém quando ele me disse: sinto inveja dos macacos no Zoo, são mais tocados e acarinhados que eu!
… os olhos dele estavam tão fechados e o corpo tão imóvel que até me pareceu que adormecera… estava ali somente ali… sem passado sem futuro…
… a dona do Kioske já olhava... eu não podia ficar ali o dia todo e interrompi o contacto,  o papagaio continuava com os olhos fechados sentindo o contacto prazeiroso. Olhei-o uma ultima vez, virei costas e fui-me embora…
… nem perguntei como ele se chamava… não foi preciso!

 pois amigos adoraria ficar aqui a falar-vos de macacos e papagaios e outros mais... mas tenho que ir, provir ao meu sustento… não me pagam para escrever… mas quem me lê, lê-me até ao fim… 

1 comentário:

  1. :))
    As coisas que pensas enquanto andas...
    Mas deixaste-me a pensar no que será que penso enquanto ando. Não tenho noção. Vou tentar reparar nisso amanhã quando sair de casa.

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