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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

a cópula só lhe trouxe problemas...

…sobre a inutilidade da cópula nunca li nada, pelo que, concluo, ser meu dever abordar o assunto – não só por o considerar de utilidade pública como também, perdoem-me a modéstia, ter grandes conhecimentos sobre o tema. Preparo inclusive sobre esta recente teoria uma tese de doutoramento, para futura publicação nas revistas da especialidade. Sem dúvida, é ousado nos dias de sexo que correm dizer-se da inutilidade de uma coisa tão boa, para a qual não há mesmo palavras. É melhor que vinho, é melhor que mel, porém, ouso afirmar, inútil. E, é isso, exactamente isso que eu quero provar-lhes. Assim, para o efeito, recorrerei a uma história verídica que guardei na memória por lhe achar graça. Trouxe-a meu pai para casa - julgo que a cortou com uma tesoura de um jornal diário, por tanta graça lhe achar…
- Lembro-me de ler no artigo algo cujo teor não se afastava muito do que passarei a escrever…
de algures para um Hospital de uma cidade Romena uma mulher jovem foi levada de ambulância; pouco trabalho deu aos médicos, que em pouco tempo, logradas as tentativas de a fazerem voltar à vida, sem sinais vitais que se declarassem, foi por consenso decretada morta; lençol branco e morgue. Acontece muito nos Hospitais… Vai na maca a infeliz cadáver e quem a leva para a morgue é um jovem enfermeiro. A morgue é, costuma ser, uma ampla sala onde existem cadáveres, mas nesse dia, não havia lá nenhum. O enfermeiro ao constatar que estava só com a jovem, animou-se por ver que não havia quem o pudesse impedir de tornar o ambiente romântico... Não se deve deixar um homem a sós com uma mulher… - e eu acrescento – nem mesmo morta. E, contava, vendo ele que não havia quem os pudesse importunar, tira-lhe o lençol e vê-a nua. «Que linda!» exclamou o enfermeiro. Aproxima-se mais, toca-lhe e ao senti-la gelada dá um passo atrás; foi como se ela lhe dissesse «Chega-te para lá, não me toques!…» mas isso ele não ouviu nem poderia ouvir mesmo, tão dominado estava pela beleza mortal da mulher… não por ela ser apenas jovem e bela, mas principalmente por ter tudo no sítio e muito mais, fartos seios, ancas largas cintura fina, (reparai nas medidas 89 50 92) digo-vos, uma autêntica Vénus cadáver… vendo-se só e vendo que ela não lhe oferecia resistência… ocorreu-lhe pensar se não poderia o espírito dela sentir igual vontade…
  ...despiu-se pois o homem com relativa pressa, e logo fez o que todo o homem faria a uma Vénus! investiu nela que nem um garanhão no cio - ou por outras palavras entregou-se de corpo e alma ao trabalho! Tão bem o fez que o calor dele misturado ao suor passou para a morta! - tanto que para seu grande espanto e maior o susto conseguiu fazê-la espevitar... o primeiro sinal da ressuscitação veio dos seus olhos fechados... perto muito perto do término da cópula «ela abriu-os!» e...
...  um grito de terror ecoou por todo o Hospital…
... 

3 comentários:

  1. Sr. Difamador,

    Suas palavras são como lâminas bem afiadas, certeiras e mortais. Tem razão sob o ponto de vista do ato em si, do modo como ele está sendo reverenciado pelo mundo. Os sentidos, mais uma vez, tomam o lugar devido aos sentimentos... e ao longo dos tempos isso vem acontecendo... e ao longo dos tempos isso vem sendo desejado e almejado ardentemente e agora q finalmente é possível viver apenas sensações e seguir o caminho, eis q surge o Difamador da Cópula verbalizando o resultado de toda essa conquista de liberdade!

    Sim, é um inútil ato! Pessoas q se abstraem do mais sublime dos sentimentos e elegem os sentidos efêmeros para saciar seus desejos imediatos com outras pessoas q pouco ou nada significam... sem dúvidas é sem sentido... supérfluo... INÚTIL! Por isso, há tanta infelicidade, pq o excesso de liberdade tornou o homem (falo de modo geral não de gênero)cativo da sua escolha da sua luta ancestral... uma lástima, mas há sempre espaço para o amor...

    "E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria." 1 Coríntios 13

    Para q algo tenha sentido é preciso dar sentido... qualquer um, faz algo de qualquer jeito e isso tende à inutilidade.

    No entanto, pensar no assunto como o encontro de dois seres unidos de modo mais elevado, cujas almas já estão enlaçadas e como conseqüência a matéria também é unida... ahhhh isso faz sentido, isso é estar vivo e vivenciar as surpresas e desafios do amor, aceitando tudo q ele carrega consigo.

    Não há prazer maior do q no amor, só assim as pessoas conseguem ser plenas, só assim a vida pode fazer algum sentido.

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  2. O título ("a cópula só lhe trouxe problemas"), vá lá, está mais ou menos conforme a estorieta que lhe subjaz. Mas sobre a "inutilidade" da cópula - que no fraseado quase encima o escrito e parece ser também um pretexto e um programa -, nada, absolutamente nada, um apagão. Com efeito, não se pode inferir que do caso da romena na morgue se prove a inutilidade da cópula, que vem preconizada como “tese”. Das duas, uma: ou está incompleto o escrito, ou o início é despiciendo. As utilidades, as vantagens e desvantagens do coito são por demais conhecidas, já a inutilidade, não. Admitimos, primeiro, que a inutilidade da “cópula”, no início, se refere a coito e não aos verbos copulativos que unem o sujeito gramatical ao nome predicativo do sujeito. Ora, da cópula predicativa temos abastados exemplos no teu assesto à cópula. Já do coito temos apenas um simulacro, porque o coito é relacional, evidencia bilateralidade: excluímos as acções violadoras e necrófilas. Ou seja, finalmente; nem casuisticamente se provou que a cópula fosse instiladora de problemas: não se provou absolutamente coisa alguma. Aliás, ao invés – se aquilo na morgue significasse cópula -, ficariam demonstradas as suas virtualidades ressuscitadoras, quanto mais não fosse.
    Não acredito que vás reformular alguma coisa, pois referes-te à cópula com um ar distante, brincalhão, mas não entediado, pois para difamar é preciso envolvimento. Mas demolir é diferente de demonstrar: demonstrar, neste contexto, equivale a argumentar.
    Finalmente, dizes ser teu “dever” falar sobre a tal inutilidade. Claro que a um hiato não tem de corresponder nenhum “dever” – não é lógica essa relação. Não se trata de um ‘dever’ (ético ou obrigação de qualquer natureza), mas de uma oportunidade de preencher o tal vazio: inova-se sempre.

    Quanto ao comentário não subscrito que antecede este, parece-me que não era teu fito transfundir a cópula em amor integral, numa candura que esvazie a cópula – apodando-a de instrumental – e a faça mudar numa excelsa comunhão ou unidade de espírito com a carne, enleada com outro sentido mais abrangente. Não, penso que o teu esforço é mais aéreo, de detractor genérico em busca de qualquer coisa ao perto do erotismo, sensitiva…

    Fernando Castro Lopes

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  3. Escrevendo às arrecuas, e saltando para o início do meu comentário anterior, deixo agora a saudação 'bloguista' que ali esteve em falta, colmatando-a. Bom sucesso nesta tarefa das letras partilhada.

    Fernando Castro Lopes

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