uma pequena preciosidade...
Alexandre, se o conhecesse verdadeiramente, talvez não tivesse qualquer necessidade de lhe escrever. Mas, como isso não acontece, são outras, de certo, as razões por que, ao contrário do escritor José Vilhena, lhe tenho dado a desagradável impressão de que não aprecio suficientemente os textos que o José Alexandre tem feito chegar às minhas mãos. Também o José Alexandre, imagino eu, de mim apenas conhece uma certa exterioridade. Ainda assim, conhecerá o bastante para saber quanto me é difícil e penoso alimentar uma conversa de circunstância, para o que me sinto sempre totalmente desajeitado, e mais difícil e penoso, para mim, é ainda, com a inevitável e meditada lentidão da escrita, simular a comunicação na ausência de um interlocutor. Nada explica, portanto, que não tenha respondido às suas missivas, a não ser a falta de assunto ou do estímulo que somente uma conversa autêntica poderia propiciar. E se, agora, por uma vez, acabo de o fazer, foi porque temi que as minhas repetidas omissões o levassem a pensar ou sentir que o que estaria em causa seriam as suas características, e não as minhas. Esclarecido este ponto, quero que saiba que continuarei a ler, com prazer, tudo o que queira enviar-me. Todavia não espere que eu venha a escrever-lhe com qualquer regularidade, pois isso depende da minha incapacidade para o fazer, e não da estima que tenho por si e pelos seus esforços criadores. Com amizade...,
nem Platão teria escrito melhor, nem Séneca
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