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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

...de uma garrafa que deu à costa...

...escrevo criando uma atmosfera de afectos... como se houvesse de verdade e fosse real o desejo de tocar e sentir o outro... é esse fenómeno, de querer tocar e de ser tocado pelo outro - que se aproxima da paixão - na verdade raro... o mais das vezes esta ficção nao se projecta na realidade... nao passa da fase de projecto... nao passa da planta, da maquete, do esboço... nao chega a realizar-se como obra... é doloroso sentirmos como são raros os encontros íntimos a dois...
se por vezes penso que os mereceria mais por os procurar desta forma (pela escrita) mais do que a maioria... constato que a realidade é outra... e que também aqui é tudo muito fortuito... produto do acaso...
nao sei se sentes assim leitora...
fico entao à espera de que possas ter para me dizer para continuarmos o livro - a vida - a realização do amanha...
espero que nao interfira com a tua realidade emocional caso tenhas ou nao namorado, se bem que todos os namoros e namorados estejam sujeitos à influência e à atração dos seres...

1 comentário:

  1. “Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras.”
    William Shakespeare

    Caro Difamador,

    Oportunas as suas palavras, diria que apenas as de Shakespeare poderiam traduzir as prováveis impressões concebidas, no seio de tão insigne leitora, a quem você decerto envaidece ao dedicar-lhe as linhas tão sinceras acima...

    Permita-me uma breve interrupção. A vida realmente é bem simples... “ou é, ou não é...” como me disseram há poucos dias.... tudo depende das definições e dos valores prévios que cada um carrega em si (convenções, creia-me). Cada pessoa traz em si um universo de concepções, instintos, sentidos e por fim sentimentos. Quando duas pessoas se compreendem mesmo diante de abismos físicos e imateriais, algo surpreendente acontece! Não é misticismo, apenas uma constatação sobre circunstâncias incomuns. Algo que é inesperado, os sentidos comuns e o próprio senso-comum não sabem interpretar... Perceba que mesmo sem ver, é possível sentir o contato da brisa a refrescar o rosto numa tarde quente, ainda que não se entenda uma palavra de italiano é impossível não se emocionar com uma ópera no estilo “Madamme Butterfly”, as flores colorindo um suntuoso jardim não falam (a linguagem dos ouvidos), mas se pode “escutar” a sua beleza gritar e a sua alegria ecoar... quero dizer que tudo isso existe, mesmo que todos os sentidos não consigam tatear simultaneamente ou perceber a priori... O que cada um sente é o que importa, é o tesouro bem escondido, mas sem dúvidas... enfatizo... sem dúvidas, extrair tudo isso de si e dedicar a alguém que compartilhe e corresponda é a perfeição, o sublime sentido da vida... fazer um universo compreender e encantar-se com outro!

    Suas palavras, volto a elas, são sublimes... no entanto espero que a falta de esperança que transmitem não entristeçam a sua leitora...

    “Foi o tempo que dedicastes à tua rosa que fez tua rosa tão importante"
    Antoine de Saint-Exupéry


    Impressões de um Girassol... apenas impressões...

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