… no sonho de haver entre vós alguns mui ilustres seguidores de tudo o que já escrevi e possa vir a escrever escrevo-vos e escrever-vos-ei de novo. Que melhor sonho poderia acalentar? haver no mundo quem me preze pelas palavras? Sabei, se assim fordes, de meu verbo seguidores, um pouco também do meu ser sereis! Quantas vezes eu em idade jovem ao descobrir um autor que de sua obra gostasse me propus procurá-la a fim da lê-la completa?… foi assim com Dostoievsky com Nietzsche com Cervantes com Proust com Henry Ibsen …
Soube hoje. Tenho leitores na Califórnia e muitos outros espalhados pelo globo, - vieram dar-me essa noticia - um dia sem que tu peças serás traduzido - a arte das tuas palavras haverá de chegar a quem a aprecie - e melhor que isso, quiçá um dia algumas das tuas construções frásicas transponham a gravidade terrestre e façam luz a um novo homem, envolto pela escuridão do espaço interplanetário!
Já me alegraria ter a prova que as minhas palavras voam de avião… julgo isso possível!, imprimam na Califórnia em New Jersey em São Paulo e venham com elas para Lisboa caros estrangeiros caros conterrâneos.
Inevitável; escrevi estrangeiros e logo a lembrança viajou para "O Estrangeiro" de Albert Camus… Que lição ele nos dá logo no inicio do livro! Permita-me que possa partilhá-la convosco leitor, leitora, são só umas frases, poucas:
“Hoje, a mãe morreu. (…) Pedi dois dias de folga ao meu patrão e, com uma razão destas, ele não mos podia recusar. Mas não estava com um ar lá muito satisfeito. Cheguei mesmo a dizer-lhe: «A culpa não é minha.»
Interessante! ocorreu-me agora ao pensamento por associação ao livro o Estrangeiro - esta memória - pelo passeio subia uma rua sempre a descer para quem comigo se cruzava, e súbito, uma montra cheia de livros - e lembrei-me do demónio que segredou ao ouvido de Nietzsche para entrar!… então de tão cativado ser por livros transpus a porta ... lá dentro, em frente das estantes cheias de livros e livros, alguns de autores desconhecidos li na lombada O Estrangeiro e um outro O Assim Falou Zaratustra… capas grossas!... e imaginem a preços módicos… comprei-os, claro! Quando, já em casa os colocava ao lado dos meus outros, questionei-me «Ficais agora comigo por quantos anos?, depois que morrer onde ireis parar? Irão os meus filhos vender a minha biblioteca, o meu maior património, ao desbarato?,e pior que isso, deitá-los ao lixo… oh deusa Minerva não permitíeis tal afronta!...
… ainda sobre livros, conversava com uma jovem, e sem assunto sobre do que falar, questionei-a se gostava de ler livros, ao que ela me respondeu, “ para você ser inteligente não precisa ter muitos livros!”… eu fiquei apreensivo – até que lhe respondi «para tê-los sim, não preciso ser inteligente, mas para lê-los preciso, preciso de sê-lo!
... Hoje, a minha colega Paula falava à Élia – ontem nem movias os olhos, vinhas cá com uma moca, que droga de comprimido tomaste?!!! Mas hoje estás melhor, vê-se!!
Disse-lhes eu (para a Élia):
- Precisas de sair da tua esfera de pensamentos, precisas de conviver, de te distrair
- O que mais me distrai é o trabalho!
– Élia, uma vez, um médico prescreveu-me ir ao cinema!, e realmente o cinema fazia-me bem, aliás ainda faz!, sabes Élia a arte tem um efeito muito benéfico, terapêutico mesmo!, preenche-nos no vazio!
- mas eu não sou como tu, não gosto dessas poesias que tu lês - (nessa altura, eu não parava de recitar o verso “A minha cabeça estremece com o todo o esquecimento, procuro dizer como tudo é outra coisa!...”
– mas ó Élia, a arte não é só a poesia. A arte é a musica a dança o teatro a pintura o cinema. Diz-me já pensaste, porque é que os ricos se fizeram sempre rodear pela Arte? Queres saber? porque senti-la lhes fazia bem!... É do que precisas, e agora ainda mais, por que confessas estar desiludida com a vida! sabes, nunca como hoje a Arte esteve tão ao alcance do cidadão comum. Ainda ontem revi os soberbos filmes de Claude Berri: Jean de Florette e Manon des Sources… Falar-te deles Élia, revelá-los, revelar-tos, é dar-te um prémio, aceita-o!...
Soube hoje. Tenho leitores na Califórnia e muitos outros espalhados pelo globo, - vieram dar-me essa noticia - um dia sem que tu peças serás traduzido - a arte das tuas palavras haverá de chegar a quem a aprecie - e melhor que isso, quiçá um dia algumas das tuas construções frásicas transponham a gravidade terrestre e façam luz a um novo homem, envolto pela escuridão do espaço interplanetário!
Já me alegraria ter a prova que as minhas palavras voam de avião… julgo isso possível!, imprimam na Califórnia em New Jersey em São Paulo e venham com elas para Lisboa caros estrangeiros caros conterrâneos.
Inevitável; escrevi estrangeiros e logo a lembrança viajou para "O Estrangeiro" de Albert Camus… Que lição ele nos dá logo no inicio do livro! Permita-me que possa partilhá-la convosco leitor, leitora, são só umas frases, poucas:
“Hoje, a mãe morreu. (…) Pedi dois dias de folga ao meu patrão e, com uma razão destas, ele não mos podia recusar. Mas não estava com um ar lá muito satisfeito. Cheguei mesmo a dizer-lhe: «A culpa não é minha.»
Interessante! ocorreu-me agora ao pensamento por associação ao livro o Estrangeiro - esta memória - pelo passeio subia uma rua sempre a descer para quem comigo se cruzava, e súbito, uma montra cheia de livros - e lembrei-me do demónio que segredou ao ouvido de Nietzsche para entrar!… então de tão cativado ser por livros transpus a porta ... lá dentro, em frente das estantes cheias de livros e livros, alguns de autores desconhecidos li na lombada O Estrangeiro e um outro O Assim Falou Zaratustra… capas grossas!... e imaginem a preços módicos… comprei-os, claro! Quando, já em casa os colocava ao lado dos meus outros, questionei-me «Ficais agora comigo por quantos anos?, depois que morrer onde ireis parar? Irão os meus filhos vender a minha biblioteca, o meu maior património, ao desbarato?,e pior que isso, deitá-los ao lixo… oh deusa Minerva não permitíeis tal afronta!...
… ainda sobre livros, conversava com uma jovem, e sem assunto sobre do que falar, questionei-a se gostava de ler livros, ao que ela me respondeu, “ para você ser inteligente não precisa ter muitos livros!”… eu fiquei apreensivo – até que lhe respondi «para tê-los sim, não preciso ser inteligente, mas para lê-los preciso, preciso de sê-lo!
... Hoje, a minha colega Paula falava à Élia – ontem nem movias os olhos, vinhas cá com uma moca, que droga de comprimido tomaste?!!! Mas hoje estás melhor, vê-se!!
Disse-lhes eu (para a Élia):
- Precisas de sair da tua esfera de pensamentos, precisas de conviver, de te distrair
- O que mais me distrai é o trabalho!
– Élia, uma vez, um médico prescreveu-me ir ao cinema!, e realmente o cinema fazia-me bem, aliás ainda faz!, sabes Élia a arte tem um efeito muito benéfico, terapêutico mesmo!, preenche-nos no vazio!
- mas eu não sou como tu, não gosto dessas poesias que tu lês - (nessa altura, eu não parava de recitar o verso “A minha cabeça estremece com o todo o esquecimento, procuro dizer como tudo é outra coisa!...”
– mas ó Élia, a arte não é só a poesia. A arte é a musica a dança o teatro a pintura o cinema. Diz-me já pensaste, porque é que os ricos se fizeram sempre rodear pela Arte? Queres saber? porque senti-la lhes fazia bem!... É do que precisas, e agora ainda mais, por que confessas estar desiludida com a vida! sabes, nunca como hoje a Arte esteve tão ao alcance do cidadão comum. Ainda ontem revi os soberbos filmes de Claude Berri: Jean de Florette e Manon des Sources… Falar-te deles Élia, revelá-los, revelar-tos, é dar-te um prémio, aceita-o!...
…
Alex, parabéns pelos teus seguidores internacionais, fico muito feliz por ti, pois concordo que a tua escrita deva ser partilhada e internacionalizada.
ResponderEliminar... obrigado!... já agora uma pergunta - de que lugar do mundo me lês?
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