Há duas maneiras distintas de sentir a chuva: quando se está abrigado e quando não. Para quem está confortavelmente sentado num sofá é cómodo opinar acerca da vida dos que se molham...
No interior de um edifício alto eu via chover copiosamente em todo pátio do Campus da Justiça. A chuva já havia alagado a relva e juntava-se no chão cimentado criando pequenos lagos e cursos de água. Chovia continuamente, como quando ouvia a minha avó dizer "só um doido anda lá fora como o tempo assim!!" A própria atmosfera alagada de humidade tornara-se quase opaca, mal deixava ver os vultos das duas pessoas paradas à chuva, uma atrás da outra. Uma, um homem debaixo dum chapéu-de-chuva grande e azul, atrás dele uma mulher mais jovem a ser fustigada pela chuva. O motivo: um telefone público.
A chuva é fria e escorre-lhe dos cabelos para o pescoço. Ela encolhe os ombros e inclina a cabeça para trás para a chuva não entrar, em vão. Conto 10 minutos de relógio, continua estoicamente no mesmo sítio… súbito passa um homem a correr como se a chuva o queimasse… A chuva cai agora mais forte mas nem uma palavra entre ambos… Alguém sabe como é que isto se tornou possível, normal, racional, humano mesmo?
Foi então que senti o desejo de associar tudo o que pudesse àquela situação insólita; a mulher preferia ensopar-se de chuva, enregelar, a interpelar um estranho.
Eu próprio, que outrora pedia uma boleia a quem quer que passasse debaixo do seu chapéu-de-chuva, hoje, a interpelar alguém, prefiro a chuva. Magoa fundo a rejeição de um estranho. Um ser que nos conhece pode alegar um motivo justificado. Já um estranho fá-lo gratuita e voluntariamente, e isso no meu entender é mais grave, porque trai a nossa esperança na humanidade. Despedaça a fé nas divisas humanistas, fazer o bem sem olhar a quem, quem dá a tempo dá duas vezes, entre muitas outras. Sente-se o desgosto maior…
No interior de um edifício alto eu via chover copiosamente em todo pátio do Campus da Justiça. A chuva já havia alagado a relva e juntava-se no chão cimentado criando pequenos lagos e cursos de água. Chovia continuamente, como quando ouvia a minha avó dizer "só um doido anda lá fora como o tempo assim!!" A própria atmosfera alagada de humidade tornara-se quase opaca, mal deixava ver os vultos das duas pessoas paradas à chuva, uma atrás da outra. Uma, um homem debaixo dum chapéu-de-chuva grande e azul, atrás dele uma mulher mais jovem a ser fustigada pela chuva. O motivo: um telefone público.
A chuva é fria e escorre-lhe dos cabelos para o pescoço. Ela encolhe os ombros e inclina a cabeça para trás para a chuva não entrar, em vão. Conto 10 minutos de relógio, continua estoicamente no mesmo sítio… súbito passa um homem a correr como se a chuva o queimasse… A chuva cai agora mais forte mas nem uma palavra entre ambos… Alguém sabe como é que isto se tornou possível, normal, racional, humano mesmo?
Foi então que senti o desejo de associar tudo o que pudesse àquela situação insólita; a mulher preferia ensopar-se de chuva, enregelar, a interpelar um estranho.
Eu próprio, que outrora pedia uma boleia a quem quer que passasse debaixo do seu chapéu-de-chuva, hoje, a interpelar alguém, prefiro a chuva. Magoa fundo a rejeição de um estranho. Um ser que nos conhece pode alegar um motivo justificado. Já um estranho fá-lo gratuita e voluntariamente, e isso no meu entender é mais grave, porque trai a nossa esperança na humanidade. Despedaça a fé nas divisas humanistas, fazer o bem sem olhar a quem, quem dá a tempo dá duas vezes, entre muitas outras. Sente-se o desgosto maior…
"O paradigma é uma mulher preferir a chuva a interpelar o homem que a podia abrigar debaixo do mesmo chapéu largo.
ResponderEliminarMas quem é era esse homem que não olha para trás? e que parece indiferente..."
Eu prefiro a chuva... perfeito!!!
Há coisas q não se pede... ou não deveriam ser pedidas... portanto, a chuva... como diz a canção Tocando em frente do Almir Sater "... é preciso a chuva para florir..."
Uma mulher bem sabe que o que vem de graça tem o seu preço... há sempre as exceções, mas quem se arrisca???