… tomar biberão até à idade de 9 anos condiciona; chega-se à idade adulta e sente-se o desconforto de não ter o biberão por perto!, ainda mais quando longe o biberão demora de escrever cartinhas - então por causa da falta, desse sentido desconforto – do “abandono” do biberão – o que é que se aconselha? – contemporizar, imaginar como estará a ser a vida de um biberão solitário – diante de um monitor – teclando com pessoas que lhe são estranhas – porém que o ajudam a passar as horas acordado, apesar de coberto por uma cortina de sono – com os olhos a fecharem-se, doridos pela luz branca – adormecendo e acordando - entre partidas de xadrez de 3 minutos que perde – desculpando-se dos seus atrasos em responder com puras invenções – e isto tudo à espera da boca on-line!, - porque tu sabes que todos os biberões foram feitos para uma boca! – ora as horas passam e a boca não chega!, poderia pensar o biberão? será que a boca anda a mamar noutro biberão!, mas não!, desliga o computador e deixa-se cair na cama já sem forças sequer para ligar o telelé ao carregador – falta grave!, o telelé não o poderá acordar de manhã!, acorda por si mesmo já perto das 10 quando é às 9 a entrada no trabalho! – chega ao trabalho e diz que o carro estava sem “bateria” – os olhares inquisidores dos colegas silenciam-no - senta-se à secretária e encolhe-se para que o esqueçam depressa e o atraso - depois liga o computador e lê no e-mail as palavras como se as ouvisse dizer da boca! – Criticas e mais criticas que raiam por pouco a fronteira para o insulto… o biberão sempre quentinho, esfria, resvala, cai e quase se estilhaça no chão!... desequilibrando-se da cadeira!
… a boca que dantes exigia leite agora exige cartas ao biberão!, e quando as não recebe lembra-o que o biberão é escritor! e como tal mais razão tem para as requerer e receber! esquece a boca que o biberão mais que escrever cartas gosta de fazer arte! e a arte não se faz à uma da manhã a morrer de sono! a essa hora e nesses condições simples frases escritas a estranhos não exigem tanto!... além de que arte para nascer tem caprichos, como um ser vivo, precisa quase sempre de um período de gestação, de condições boas ao longo da gravidez, até imagine-se da benigna influência lunar, - além de que o biberão tem que ter dentro de si algum leite, se ele se houver esgotado – pode até nem conseguir pensar em estar de pé! para nada!...
acresce que o biberão solitário tem a sua vida particular, uma casa para cuidar, e mil e um afazeres relacionados com preservação dos seus bens pessoais, já sem falar nos direitos e deveres relativos aos familiares e amigos! – pobre biberão que nem tempo lhe sobra para ler!, - compreende o biberão a insegurança sentida pela sua boca pelo receio de haver em volta do biberão outras bocas!, claro que as há, mas com muita pena do biberão cheio de leite, só para lhe falar.
… mas em vão, um biberão não tem ouvidos e é muito altivo!
Quer a boca saber se o biberão leva outras bocas ao planetário ver as estrelas, enfim que dizer? bocas indiscretas perguntas directas!... ora ora biberão que é biberão tem mil anos de perdão!
hum... o importante é descobrir quem é e aceitar-se como tal... se estiver feliz, sinal de que a decoberta chegou ao seu fim... caso contrário...
ResponderEliminar